@->- Eu sou


Imagem: the-tip-of-my-iceberg.tumblr.com

Aquele iceberg
está geograficamente muito bem situado
lá,
distante de mim...
Sou toda carícia,
Fogo abrasador,
Amor em chamas...
Quebro regras
e dou asas à imaginação
Sou intensa no querer
Sou paixão desmedida
Ousada, santa e pecadora
Angústia de tanto querer guardado(dele)
Sonho inatingível de muitos
Realidade do privilegiado
Escolho, amo, faço e refaço
o desfeito
Construo castelos em constante movimento
Com os pés no chão.
Sou a alegria da chegada
ou a dor de quem partiu.


-Dora Vitoriosa-

Por que as pessoas gritam?



Um dia, um mestre indiano, preocupado com o comportamento dos seus discípulos, que viviam aos berros uns com os outros, fez a seguinte pergunta:
- Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas ou quando não se entendem?
- Gritamos porque perdemos a calma - disse um deles.
- Mas por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado? - questionou novamente o pensador.
- Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça - retrucou outro discípulo.
O mestre volta a perguntar:
- Não é possível falar com a outra pessoa em voz baixa?
Os alunos deram várias respostas, mas nenhuma delas convenceu o velho pensador, que esclareceu:
- O fato é que quando duas pessoas gritam é porque, quando estão aborrecidas, seus corações estão muito afastados. E, para cobrir esta distância, precisam gritar para que possam escutar-se mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão de gritar, para que possam ouvir umas às outras, por causa da grande distância.
E continuou o sábio:
- Por outro lado, quando duas pessoas estão enamoradas, não gritam; falam suavemente. Por quê? Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena. As vezes, seus corações estão tão próximos que nem falam, somente sussurram. E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, o que basta. Seus corações se entendem. E justamente isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.
Por fim, o pensador conclui, dizendo:
- Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará o dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta.

(Desconheço o autor)

Eu gosto muito de navegar nesse misterioso mundo virtual à procura muitas vezes do nada e encontro tesouros como este texto que chamou a minha atenção no site www.sitedopastor.com.br. A mensagem por ele deixada é de fato fascinante e me fez refletir bastante sobre a abordagem do mesmo. Porém, o que me deixou meio chateada foi perceber que alguém o escreveu e, lamentavelmente seu nome em algum momento foi negado ou retirado. Portanto, se alguém conhecer a outoria deixe aqui para que a OBRA seja completa. O autor desconhecido é um sujeito inexistente.
Obrigada,

-Dora Vitoriosa-

@->- Não te amo mais



Não te amo mais
Superei as minhas vontades
De pertencer a ti por toda a eternidade
Não quero o teu amor
E já não me alimento mais de quimeras inocentes
Teu beijo ardente...
Teu abraço quente...
Teus encantos, magias e seduções...
Dê a outra ou tantas tolas iguais a mim
A minha mente está vazia...
O oceano de beijos perdeu-se
Mudou-se para rumo ignorado
Minha cama não será o teu abrigo.
Tua voz... esqueci totalmente
Das minhas estranhas (tua morada)
Nada restou
Sabe aquele frio na espinha?
Cedeu lugar à vontade de seguir sem olhar para trás
As borboletas no estômago denunciando
de alguma forma a tua presença
Morreram todas.

...



Sinceramente, AMOR?
Tudo mentira.
Você é a minha razão de contemplar as estrelas.
AMO-TE!!!

-Dora Vitoriosa-

@->- Seivas do Meu AP


Foto: Yvone Pereira
Galeria de Santinha - Casas Possíveis
Tuas paredes de concreto armado,
Cantam poemas em desenhos lascivos.
Adormecer menina, despertar gigante...
Sonho acalentado de tantas eras.
No traçado de tuas formas perfeitas,
Fadas ou ninfas realizam desejos seculares,
No cio alucinado das paixões arrebatadoras.
Amores jorrados deixam no chão...
As marcas do desengano
Fertilizando o campo das saudades,
Preço de sentimentos primaveris
Ou enraizados no afã da conquista fatal.
Ama...Sofre... Cala...
Continua em silêncio,
A transeunte que tentar decifrar teus mistérios.

-Dora Vitoriosa-

MINHA FONTE DE PRAZER




Meu encanto, minha vida,
Minha fonte do prazer;
Minha loucura desmedida
Nos meus tempos de lazer.

Nas ondas dos teus seios,
Nas curvas das tuas ancas,
Entre folhos nos permeios
Com teu corpo me encantas

E na vontade de viver
Que eu procuro sem cessar,
É na fonte do prazer
Que eu volto a renascer.

(Angelino Pereira)

Encontros de Vidas



"Ao mesmo tempo que ia fazendo conjeturas de vida, continuou
a ler o que mais trazia de novo aquela carta extensa de saudade:
...

Meu amor…
Pedisteme que te contasse!
O que conto?
Que o tempo é cruel e não passa…
Conto que tenho saudades de ti!
E mesmo no fel desta desgraça
Não m’arrependo do que senti!
O que conto?
Conto que muito gostava de te ver
Conto que tudo voltava a sorrir
E no conto de tanto te querer
Perdia o conto de te ver partir!
O que conto?
Conto que tenho dentro de mim
Algo de teu que mexe no meu ser
E neste conto de estar tão bem assim
Já te sinto em mim mesmo sem te ter!
Mas juro que mesmo que te conte
Tudo o que me apetece revelar…
Ainda fico com este grande conto
Quando contigo poder contar!
E conto:
Quero sorrir na frente do teu olhar
Um dia, uma hora ou até um minuto
Mas onde pudermos finalmente estar!
Com nosso amor e amado fruto."
....

Havia um segredo na aldeia da Luz que possivelmente
estava a causar um grande sofrimento, ou no mínimo, ansiedade e,
com certeza, a preocupar Beatriz."

Angelino Pereira - Encontros de Vidas (PT/BR) – (pág. 109)

Hoje é Natal!




Hoje é natal, nasceu o Menino.
Ilumina-se o céu com esplendor,
Cantam os Anjos um novo hino
Paz entre os homens: viva o amor!

Abram os braços, homens de bem
Hoje é natal, volta a esperança
O Deus Menino, que nada tem
Volta também a ser criança!

Lá longe o céu mostra uma estrela
Do infinito chega uma luz
Olhem o céu, já podem vê-la!
Paz entre os homens: Ámen-Jesus!

Hoje é Natal!

(Angelino Pereira)

Inspiração de Angelino Pereira



Quando me sinto com aquela vontade de escrever... Ligo a minha música preferida, harmoniosamente, silenciosamente... Sem o ruído do mundo e dos homens, e as palavras fluem como água cristalina na minha mente.... A gente, não sabe explicar como é viver e amar... Mas sente tão docemente... E os olhos se abrem com um sorriso tão aberto que já não fica perto... Vai, vai, vai e sai de mim e voa por aí... onde os amigos esperam por mim... E mesmo que assim, eu não saia fisicamente daqui... estou aí e em qualquer lugar onde se quiser amar.... É preciso amar as palavras para que elas acariciem sem magoar.

(Angelino Pereira)

O Sábio e o Viajante

Arte: Josephine Wall


Numa cidade um sábio estava sentado numa pedra há 50 anos. Ninguém entrava nem saía sem notá-lo. Um dia um viajante que chegava a cidade perguntou a ele: “Estou de mudança pra cá, como é esta cidade aqui?”.
O sábio então o indagou: “Como é a cidade de onde você vem?”.
E o viajante respondeu: “É uma cidade linda, um povo maravilhoso, excelente lugar para educar meus filhos, mas fui transferido para cá por motivos profissionais”.
Então o sábio respondeu: “Sorte sua. Aqui também é um lugar maravilhoso, não tem violência, o povo não fala da vida de ninguém, excelente qualidade de vida, você vai adorar morar aqui”.
O novo morador seguiu em frente e logo depois outro cidadão com a família parou seu carro e faz a mesma pergunta ao sábio: “Estou vindo trabalhar aqui. O senhor pode me dar informações desta cidade?”
E o sábio repetiu a mesma pergunta que havia feito ao homem anterior: “Diga-me primeiro: como é a cidade de onde você vem?”.
E ele respondeu: “É um lugar péssimo, violento, um povo fofoqueiro. Digo ao senhor não consegui fazer um amigo naquela cidade”.
O sábio respondeu: “O senhor não deu sorte. O povo desta cidade é igualzinho ao de lá”.
Um jovem discípulo do sábio que a tudo assistia lhe perguntou: “Mestre, o senhor deu duas definições opostas da cidade em menos de 10 minutos. Qual das duas é a verdadeira?”
E o sábio respondeu: “As duas. Uma coisa é a realidade e outra é a percepção.”

(Desconheço o autor)

Eu particularmente gosto muito deste texto pela bela mensagem que ele nos transmite. Eu viajante sempre fui recebida de braços abertos por onde andei e entendo que “coração” nos acompanha a qualquer que seja o destino, as virtudes e defeitos também. O amor estará de braços abertos se o amor levarmos. Aceitar o outro, respeitar, saber ouvir, dar sua opinião sem impor são fatores que em muito contribuem para o verdadeiro sentido de democracia.

@->- Sede do que seria...

Imagem: www.jmnews.com.br



Meu “Brasil brasileiro” vive neste instante o chamado momento de transição de Governo enquanto eu falo com os meus botões. Os cargos de confiança estão sendo definidos a quem? Considerando que no “coração” do político eleito as classes sociais são divididas em: o rico ou emergente, o adversário, o bajulador e o pobre.
O rico ou emergente será sempre o convidado especial, a ele todas as honras. O adversário é recebido também com honras e tapinhas nas costas, e quando tenta se rebelar recebe um bônus de gratificação para permanecer ou então, retornar.
O bajulador recebe uma pequena prenda ou migalhas, pois seu grito de guerra será muito importante para abrir caminhos ao grande chefe. Ao primeiro somente será dado um grão a cada dia, ou seja, sua fome jamais deverá ser saciada e todos sabem disso, menos o próprio, claro.
Por fim temos o pobre – em maior número – sua classe está subdivida em duas: a que tem curso superior e a outra desprovida de tais saberes. A primeira sente-se desvalorizada e se compara a alguns que estão no topo da pirâmide, observa que muitos que lá estão não tem metade da sua potencialidade ou até mesmo uma família numerosa que possa render muitos votos em período eleitoreiro. Cabe também ao pobre o título de traidor se mudar de “convicção política”, enquanto que  ao rico ou emergente trata-se de  estratégias, acordos, ou sei lá quantas desculpas estapafúrdias.
A segunda subdivisão da classe pobre, lamentavelmente, tem que pernoitar para conseguir falar com o politico eleito ou no máximo o seu representante, rastejar para conseguir emprego com o pagamento igual ou inferior ao mísero salário mínimo sem falar que raramente recebe em dias e quando consegue o pão para alimentar sua prole, o poder segura o prato nas mãos para não ir muito longe ou comer demais.
Gerar empregos, investir numa educação de qualidade tornaria o povo livre, crítico e pensante de fato, o que seria uma grande ameaça a qualquer governo que considera o nepotismo forma confiável de governar. Cresce, contudo, o número de bolsa disso ou bolsa daquilo e evidentemente o índice de criminalidade e, exorbitantemente, o número de famílias à margem do acesso ao progresso, posto que a ordem é uma mãe falida.
A politica do pão com circo e suas ramificações de peitos, bundas, tchus-tchas, frutas, legumes e hortaliças (como adjetivos da mulher) lotam botecos e esvaziam livrarias.
... e assim caminha a humanidade entre pândegas e galhofas.

- Dora Vitoriosa-

Feliz Natal e Próspero 2013!



A todos os amigos que visitam o nosso Blog Lotusmagia, eu faço uma prece fervorosa para que Deus na Sua infinita bondade e sabedoria, derrame sobre suas vidas um oceano de felicidades e atenda os desejos contidos em cada coração, desde que contribua para o crescimento de cada um.
O Natal é tempo de reflexão, esperança no que há de vir. Portanto, que todos possam ser contagiados pelo Espírito Natalino e portadores da PAZ, justiça e bondade!
Que o ano que se aproxima possa trazer a realização de sonhos a todos os povos!
Um abraço carinhoso e um beijo em cada alma gentil!

-Dora Vitoriosa-


Não espere…



Não espere um sorriso para ser gentil…
Não espere ser amado para amar…
Não espere ficar sozinho para reconhecer o valor de um amigo…

Não espere ficar de luto para reconhecer a amizade sincera que perdeu…
Não espere o melhor emprego para começar a trabalhar…
Não espere a queda para se levantar…
Não espere a enfermidade para reconhecer que a vida é frágil…
Não espere a pessoa perfeita para então se apaixonar…
Não espere a mágoa para pedir perdão…
Não espere a separação para sentir saudades…
Não espere a dor para acreditar na oração…
Não espere elogios para acreditar em si mesmo…
Não espere ter tempo para servir…
Não espere que o outro tome a iniciativa se você foi o culpado…
Não espere o “eu te amo” para dizer o “eu também”…
Não espere ter dinheiro para contribuir…
Não espere o dia da sua morte para querer viver!!!

(Gilclér Regina)

Como a Rocha




O aluno perguntou ao Mestre :
- Como faço para me tornar o maior dos guerreiros ?
- Vá atrás daquelas colinas e insulte a rocha que se encontra no meio da planície.
- Mas para que, se ela não vai me responder ?
- Então golpeie-a com a tua espada.
- Mas minha espada se quebrará !
- Então agrida-a com tuas próprias mãos.
- Assim eu vou machucar minhas mãos … E também não foi isso que eu perguntei. O que eu queria saber era como que eu faço para me tornar o maior dos guerreiros.
- O maior dos guerreiros é aquele que como a rocha, não liga para insultos nem provocações, mas está sempre pronto para desvencilhar qualquer ataque do inimigo.

(Desconheço o autor)

Luta entre lobos





Certa noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece incessantemente dentro das pessoas.
Ele disse:
- Há uma batalha entre dois lobos que vivem dentro de todos nós.
E explicou:
- Um é Mau. É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, orgulho falso, superioridade e ego.
E prosseguiu:
- O outro é Bom. É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.
O neto pensou um pouco e perguntou ao avô:
- E nessa luta, qual dos dois lobos vence?
O velho índio respondeu:
- Aquele que você alimenta!

(Desconheço o autor)

Esopo e a Língua


Obra: Mariano Fortuny Marsal-1867


Esopo era um escravo de rara inteligência que servia à casa de um conhecido chefe militar da antiga Grécia. Certo dia, em que seu patrão conversava com outro companheiro sobre os males e as virtudes do mundo, Esopo foi chamado a dar sua opinião sobre o assunto, ao que respondeu seguramente:
- Tenho a mais absoluta certeza de que a maior virtude da Terra está à venda no mercado.
- Como? Perguntou o amo surpreso. Tens certeza do que está falando? Como podes afirmar tal coisa?
- Não só afirmo, como, se meu amo permitir, irei até lá e trarei a maior virtude da Terra.
Com a devida autorização do amo, saiu Esopo e, dali a alguns minutos voltou carregando um pequeno embrulho. Ao abrir o pacote, o velho chefe encontrou vários pedaços de língua, e, enfurecido, deu ao escravo uma chance para explicar-se.
- Meu amo, não vos enganei, retrucou Esopo. A língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela podemos consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir. Pela língua os ensinos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados, as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos.
- Acaso podeis negar essas verdades, meu amo?
- Boa, meu caro, retrucou o amigo do amo. Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o pior vício do mundo.
- É perfeitamente possível, senhor, e com nova autorização de meu amo, irei novamente ao mercado e de lá trarei o pior vício de toda terra.
Concedida a permissão, Esopo saiu novamente e dali a minutos voltava com outro pacote semelhante ao primeiro. Ao abri-lo, os amigos encontraram novamente pedaços de língua. Desapontados, interrogaram o escravo e obtiveram dele surpreendente resposta:
- Por que vos admirais de minha escolha? Do mesmo modo que a língua, bem utilizada, se converte numa sublime virtude, quando relegada a planos inferiores se transforma no pior dos vícios. Através dela tecem-se as intrigas e as violências verbais. Através dela, as verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido. Através da língua, estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam ao desequilíbrio social. Acaso podeis refutar o que digo? indagou Esopo.
Impressionados com a inteligência invulgar do serviçal, ambos os senhores calaram-se, comovidos, e o velho chefe, no mesmo instante, reconhecendo o disparate que era ter um homem tão sábio como escravo, deu-lhe a liberdade. Esopo aceitou a libertação e tornou-se, mais tarde, um contador de fábulas muito conhecido da antiguidade e cujas histórias até hoje se espalham por todo mundo.

(Desconheço autor)

Mensagem aos aflitos



“TUDO colabora para o bem daqueles que AMAM a DEUS.”
Rm 8:28


TUDO....até a dor.
TUDO....até a escuridão.
TUDO....até os desertos.
TUDO....até o que não entendemos.
TUDO....até as expectativas frustradas

TUDO!
TUDO!

Mais cedo ou mais tarde as benesses de DEUS aparecem por detrás das cortinas do tempo.

Da forma mais surpreendentemente sábia, justa e CRIATIVA, DEUS transforma os destroços em arte. ELE AGE poderosamente e transfigura as situações.

Basta saber esperar.
Basta saber confiar.
Basta ter fé.
Basta deixar em SUAS mãos aquilo TUDO que faz parte da vida.

(Neuma Fernandes)

Guerreiro da Luz



Todo guerreiro já ficou com medo de entrar em combate.
...

Todo guerreiro já perdeu a fé no futuro.
Todo guerreiro já trilhou um caminho que não era dele.
Todo guerreiro já sofreu por bobagens.

...

Todo guerreiro já achou que não era guerreiro.
Todo guerreiro já falhou em suas obrigações.
Todo guerreiro já disse "SIM" quando queria dizer "NÃO".
Todo guerreiro já feriu alguém que amava.
Por isso é um guerreiro; porque passou por estes desafios, e não perdeu a esperança de ser melhor do que era.


(Paulo Coelho)

Da Alegria e Da Tristeza



Depois uma mulher disse, Fala-nos da Alegria e da Tristeza.
E ele respondeu:
A vossa alegria é a vossa tristeza mascarada.
E o mesmo poço de onde sai o vosso riso esteve muitas vezes cheio de lágrimas.
E como poderá ser de outra maneira?
Quanto mais fundo a tristeza entrar no vosso ser, maior é a alegria que podereis conter.
A taça que contém o vosso vinho não é a mesma que foi feita no forno do oleiro?
E a lira que vos apanigua o espírito não é da mesma madeira com que foram esculpidas as facas?
Quando estiverdes alegres, olhai bem dentro do vosso coração e descobrireis que só aquele que vos deu tristezas vos dá também alegrias.
Quando estiverdes tristes, olhai novamente para dentro do vosso coração e vereis na verdade estais a chorar por aquilo que foi a vossa alegria.
Alguns de vós dizeis, "A alegria é maior que a tristeza" e outros dirão "Não, a tristeza é maior".
Mas eu digo-vos que são inseparáveis.


(Khalil Gibran)

O Amor e a Loucura



Tempos atrás, viviam duas crianças, um menino e uma menina, que tinham entre quatro e cinco anos de idade.
O menino chamava-se Amor e a menina, Loucura.
O Amor sempre foi uma criança calma, doce e compreensiva. Já a Loucura era muito emotiva, passional e impulsiva, entretanto, apesar de todas as diferenças, as crianças cresciam juntas, inseparáveis: brincando, brigando...
Houve um dia, porém, em que o Amor não estava muito bem, e acabou cedendo às provocações de Loucura, com a qual teve uma discussão muito feia. Ela não deixava nada barato; estava furiosa como nunca com o Amor, e começou a agredi-lo, não só verbalmente, como de costume.
A menina estava tão descontrolada que agrediu o garoto fisicamente e, antes que pudesse perceber, arrancou os olhos do Amor.
O Amor, sem saber o que fazer, chorando, foi contar à sua mãe, a deusa Afrodite, o que havia ocorrido. Inconsolada, Afrodite implorou a Zeus que ajudasse seu filho e que castigasse Loucura.
Zeus, por sua vez, ordenou que chamassem a garota para uma séria conversa.
Ao ser interrogada, a menina respondeu, como se estivesse com a razão, que o Amor havia lhe aborrecido e que foi merecido tudo o que aconteceu.
Embora soubesse que não fora justa com seu amigo, a menina - que nunca soube se desculpar - concluiu dizendo : que a culpa havia sido do Amor, e que não estava nem um pouco arrependida.
Zeus, perplexo com a aparente frieza daquela criança, isse que nada poderia fazer para devolver a visão ao Amor, mas ordenou que Loucura estaria condenada a guiá-lo por toda a eternidade, estando sempre junto ao Amor em cada passo que este desse.
E até hoje eles caminham juntos.
Onde quer que o Amor esteja, com ele estará Loucura, quase que fundidos numa só essência, tão unidos que por vezes não se consegue definir onde termina o Amor e onde começa a Loucura.
É também por isso que se costuma dizer que o Amor é cego.
A verdade é que o Amor tem os olhos da Loucura.

(Desconheço o autor)

Encomenda



 
Desejo uma fotografia
como esta — o senhor vê? — como esta:
em que para sempre me ria
como um vestido de eterna festa.


Como tenho a testa sombria,
 
derrame luz na minha testa.
Deixe esta ruga, que me empresta
um certo ar de sabedoria.


Não meta fundos de floresta
nem de arbitrária fantasia...
Não... Neste espaço que ainda resta,
 
ponha uma cadeira vazia.

Cecília Meireles

Timidez



 
Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...


— mas só esse eu não farei.


Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...


— palavra que não direi.


Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,


— que amargamente inventei.


E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...


— e um dia me acabarei.

Cecília Meireles

Ser poeta



Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!


É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!


É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
é condensar o mundo num só grito!


E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca

O homem nu


Ao acordar, disse para a mulher:
 
– Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
 
– Explique isso ao homem – ponderou a mulher.
 
– Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar – amanhã eu pago.
 
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
 
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
 
– Maria! Abre aí, Maria. Sou eu – chamou, em voz baixa.
 
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
 
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!
 
Não era. Refugiado no lanço de escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
 
– Maria, por favor! Sou eu!
 
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão. Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
 
– Ah, isso é que não! – fez o homem nu, sobressaltado.
 
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
 
– Isso é que não – repetiu, furioso.
 
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
 
– Maria! Abre esta porta! – gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si. Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
 
– Bom dia, minha senhora – disse ele, confuso. – Imagine que eu...
 
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
 
– Valha-me Deus! O padeiro está nu!
 
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
 
– Tem um homem pelado aqui na porta!
 
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
 
– É um tarado!
 
– Olha, que horror!
 
– Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
 
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
 
– Deve ser a polícia – disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
 
Não era: era o cobrador da televisão.

 
SABINO, Fernando Tavares. O Homem Nu. Rio de Janeiro: José Olympio Ed., 1973. p. 65-68.
Fonte: Jornal de Poesia