@->-Decifrando vendavais



O dia amanheceu e o sol começava emitir seus primeiros raios convidando os pardais a iniciarem sua rotina alegre e comunicativa procurando por comida. Ela também despertara, porém permaneceu imóvel na cama mergulhada em seus pensamentos. O cheiro de café vindo da cozinha a trouxe de volta à realidade, relutante, se encolheu entre os lençóis e observava cada detalhe dos objetos distribuídos no espaço de seu pequeno quarto. A dor era maior que  a vontade de viver, chorava silenciosamente.
Alguém bateu à porta e ela enxugou discretamente as lágrimas tentando esconder a tristeza que dilacerava sua alma. Seu filho lhe entregou um envelope que abriu bruscamente tomada pelo susto. Deu um salto da cama e foi  tomar banho, aprontou-se e saiu apressadamente levando consigo seu filho mais velho.
Calada com os olhos fixos no trânsito, seu coração batia aceleradamente e uma pergunta não saia de sua mente: quem poderia ter lhe enviado tal encomenda? Ligou o som do carro e pôs para tocar seu cd favorito. Respirava fundo e tentava não demonstrar tanta ansiedade por na presença de seu filho que ainda era uma criança e na entenderia o que está estava acontecendo. Acelerou um pouco mais e por fim chegou ao destino descrito no comunicado. Estacionou o carro, pegou a mão de seu filho e ambos seguiram para a portaria onde ela foi orientada de como proceder. Na sala seguinte um homem forte e simpático trajando colete preto e distintivo lhe entregou uma caixa e disse-lhe que era  norma da Policia Federal abrir tudo para inspeção. Ela perdeu o controle e chorou compulsivamente quando leu o nome do remetente. Saiu.
Em casa seu filho abriu a tal caixa e confuso diante do desespero de sua mãe que chorava e tremia descontroladamente disse: tem também um envelope...

-Dora Vitoriosa-

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