Ele observa da sacada de seu apartamento que a praia está vazia, o brilho da lua reflete nas ondas que se erguem ameaçadoras para morrerem nas areias brancas a formarem imagens de um cenário que se tornou comum para ele. Emocionalmente perturbado, abre uma gaveta da cômoda, pega um envelope amarelado pelo tempo, põe no bolso da bermuda e caminha em direção à sua companheira muda de tantas noites iguais – uma pedra onde costumeiramente senta-se para olhar o mar e relembrar com saudades os anos vividos ao lado da mulher que mais amou na vida.
A escuridão refletida em sua alma é acentuada pelo vento forte trazido pelas ondas do mar tornando-se neste instante o mensageiro das lembranças que em vão tenta esquecer. O coração aperta e as lágrimas rolam em seu rosto. Não consegue perdoar a si mesmo por ter rompido um relacionamento de tantos anos. Abre a carta e reler atentamente cada línea de um longo texto romântico e apaixonado – é que ela lhe escreveu durante um período em que estiveram distantes um do outro. Ele sabe onde ela vive, mas não deve procurá-la por razões que ele mesmo desconhece.
Mais uma onda se aproxima e ele mergulha e a cena se repete por vários metros, como se aquela água salgada pudesse tirar de sua alma a dor daquela tarde em que ele foi um tolo ao deixar seu amor partir chorando depois de lhe dizer adeus. Será se em algum lugar ela também pensava nele? Nunca obteria a resposta para tal pergunta
Deitado na areia ele perde a noção do tempo entregue aos seus pensamentos e mais uma vez observa aquele universo mágico e frio que o cerca: o mar... a lua... a noite escura. Além da voz interior que o condena, tem o barulho das ondas que mais se parecem murmúrios. Levanta-se e vai pegar a carta que deixou sobre a pedra. Só então percebe que alguém o observava e caminha a passos apressados em sua direção.
-Dora Vitoriosa- e Rubinha Lemos
Não entendo como conseguimos escrever tais linhas diante de tão diferentes estilos que temos, mas considere que uma de nós despiu-se de si e mergulhou no mundo da outra. Qual das duas despersonalizou-se cabe a você descobrir, caro leitor, se assim desejar.
Confesso que as letras não é meu forte, aliás até agora não me descobri, mas diante da tarde maravilhosa regada a café e grão de bico, além de um caqui como sobremesa senti-me inspirada para ajudar minha pobre amiguinha em seus delírios românticos.
Para encerrar deixo-lhes um conselho, troquem o grão de bico por feijão cozido e o café por uma deliciosa coca cola bem geladinha, rsrs.
Ósculos e amplexos bem à moda antiga...
Rubinha Lemos
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