Tristão e Isolda: A Lenda

A história de Tristão e Isolda é uma interpretação literária de antiga lenda celta do século IX. Ela narra, basicamente, as aventuras e desventuras de um jovem casal apaixonado, o qual necessita vencer complexas adversidades político-sociais para se unir definitivamente.

Este relato se passa durante o reinado do Rei Marco, escocês que teria ocupado o trono de 780 a 785. Quanto a esta história ser baseada em fatos reais, não há um consenso entre os historiadores, sendo praticamente impossível encontrar uma fonte comum para esta narrativa, embora ela esteja presente entre os mais variados povos antigos. Seus ecos ancestrais remontam ao princípio do século XII, sob formas e versões distintas, as mais remotas provindo da cultura popular dos celtas que habitavam o norte da França. Os textos mais populares pertenciam a dois poetas deste período, Tomás da Inglaterra e Béroul. Suas recriações desta lenda apresentavam diferenças muito sutis, porém detinham a mesma essência histórica.

Com a ajuda de Maria da França, hábil em transcrever romances de cavalaria já conhecidos, muitos deles ainda transmitidos oralmente, a narrativa de Tristão e Isolda tornou-se célebre. Normalmente a história se desenrola na Cornualha, península da Grã-Bretanha, reino de Marco. Tristão, logo cedo, vê sua vida invadida pela dor, com a morte da mãe, Blanchefleur, e do pai, Rivalen, quando este perde seu reino, Loonois, em uma árdua batalha. Criado pelo cavaleiro Rohalt, de quem se julgava filho legítimo, foi seqüestrado por comerciantes da Irlanda e abandonado na Cornualha, região na qual tem contato com o rei, sem saber que ele é seu tio.

O pai adotivo o localiza e lhe conta a verdade sobre suas origens. Preparado para recuperar sua terra natal, Tristão se empenha neste empreendimento e doa seu reino para Rohalt, retornando à companhia do tio, também ciente da verdade. O herói era então já famoso por ser um bravo guerreiro e virtuoso harpista. Para libertar o rei de um débito com a Irlanda, ele se dispõe a duelar com Morholt, a quem vence, mas é seriamente envenenado pela espada do adversário. Colocado em um barco, à deriva no mar, ele é levado às costas da Irlanda, tratado e curado pela princesa Isolda, por quem se apaixona.

O destino, porém, reserva a Isolda o matrimônio com Marco, e Tristão, resignado, volta à Irlanda com a missão de levar a princesa para o tio. Aqui variam algumas versões; em umas, Tristão simplesmente traz consigo Isolda, e ambos tomam um filtro do amor preparado pela aia da nobre, e são então dominados por uma intensa paixão; em outras, Tristão vence um dragão, é prometido para a bela princesa, mas renuncia a ela por fidelidade ao seu tio, porém não consegue resistir quando ambos tomam uma poção mágica.

De uma forma ou de outra, eles se tornam amantes, ela se casa com o rei, eles dão seqüência ao seu romance, até serem descobertos, quando Tristão foge. Há algumas variantes nesta lenda, mas ao final da história ambos morrem, ele envenenado, ela quando sorve parte do veneno ao beijá-lo. Seus corpos são encontrados abraçados e entrelaçados.


Por Ana Lucia Santana

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