Quando eu me retalhei completamente percebi que em todas as
partes que somam o meu todo ou em tantas de mim habita um ser incógnito, voraz,
capaz de resistir a um vulcão em chamas ou morrer na própria inércia sem emitir
pedidos de socorro. Quando eu me vi fragmentada, mergulhada na dor inexorável
do adeus percebi quão fugaz é a promessa daqueles que, em momento de furor
desenham cenas de amor no chão regado pela mentira. Nos meus
retalhos “talvez
insanos” perpetuam a força desmedida de seguir em frente, romper barreiras,
enfrentar vendavais, saltar grandes distâncias, correr, fugir tal qual a caça
do caçador. Quando eu me retalhei completamente – outra vez – já não percebi a
ausência de cores, lâminas afiadas cravadas na alma, aparas de sentimentos
amargos. Vi a nascente de águas límpidas jorrarem no campo da certeza, o começo
de um novo tempo, seguir viagem sem olhar para trás, eliminar os fantasmas,
romper as algemas, vontade incessante de alçar voo...
-Dora Vitoriosa-
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