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Eu estava num mundo confortável, que me provia de tudo. Com
o passar do tempo, as coisas inexplicavelmente foram ficando difíceis e conheci
o desconforto, até que o mundo pareceu que ia acabar... Chorei
compulsivamente... Foi então que vi minha mãe, a primeira e a mais marcante de
todas as mulheres de minha vida. Ela achava que tinha pouco a me ofertar, mas,
para mim, ela era tudo de bom.
O tempo passou. Conheci outras mulheres e aprendi a
admirá-las pelo simples fato de elas existirem. Estou num momento de muita
sinceridade, não há porque mentir. Nelas, eu admirava tudo: delicadeza dos pés,
tornozelos finos, seguidos de curvas tênues, mas pretensiosas, que ficavam cada
vez mais e mais audaciosas, enquanto sustentavam corpos ornados de outras
curvas, portando belezas, por fora ou por dentro. E me detinha olhando o toque
dos cabelos no ar, cabelos que emolduravam rostos, rostos que olhavam e espalhavam
ora beleza, ora sedução ou ambas... E aprendi que as mulheres continham, em si,
oceanos de beleza...
O tempo inexorável continuou sua marcha. Foi quando me dei
conta de que a beleza feminina dependia também de quem a contemplava. Mulheres
havia, capazes de me encantar apenas com a suavidade de sua voz aveludada,
outras, com a doçura de suas mensagens, ou com a verdade de sua fala, ou com o
toque de suas mãos em minha fronte angustiada...
E as mulheres mais velhas, embora desnudadas da fervente beleza
da juventude, eram ainda capazes de me encantar com o jeitinho mágico de dizer,
de falar ou de mostrar-me como se pode tratar com bondade a todos, não
importando a hora, apesar do frio da noite ou do rigor do sol.
E vi mães que ficavam sem comer para repassar aos filhos o
pouco que tinham. Mulheres que, cansadas de um dia de intenso trabalho,
passavam a noite cuidando do filho doente.
E vi mulheres saudáveis, que raspavam a cabeça em
solidariedade à filha, que se tratava de câncer...
Mulheres encantadoras, me encantando com o simples andar, me
maravilhando com um sorriso espontâneo, com um olhar furtivo ou curioso.
Mulheres que colorem a cidade com a multiplicidade dos tons de suas roupas.
Mulheres que se movem numa dança furtiva e insinuante, pela rua afora, dando
ritmo aos caminhos do tempo.
Mulheres maravilhosas, capazes de fazer viver um novo ser.
Mulheres extraordinárias, capazes de matar todas as nossas mágoas, afogando-as
num longo beijo molhado.
Para vocês, melhores mulheres, que nos enganam no dia-a-dia,
com sua aparente fragilidade, enquanto nos emprestam toda a força de que
precisamos, para permanecermos, de pé, neste mundo de muitas lutas, nosso
reconhecimento.
Para vocês, melhores mulheres, que entretecem nossas vidas
com o longo fio dourado da felicidade, aceitem nossas vozes em coro
dizendo-lhes:
FELIZ DIA DAS MULHERES!
(Adilson de Freitas)